15 novembro 2006

os poetas ainda vivem...

Me peguei vadiando pela internet nesta quarta-feira de madruga... durante a viagem eu conversava com meu brother Eduardo Vicentino e falávamos de músicas bacanas e/ou toscas. Durante o papo e ele mencionou duas. A primeira foi "Gatinha Manhosa", composição individual do grande Erasmo Carlos. A segunda foi algo regurgitado pela tal de Tati Quebra Barraco. Pouco antes, assistindo ao programa do Tom Cavalcante, ouvi a nova música de trabalho da Kelly Key.

Comecei a refletir, como faço com freqüência, sobre as composições e poesias musicadas que temos no Brasil. Durante a "poesia" da ex-senhora Latino (que belo rótulo) pensei: "Nessa hora Vinicius de Moraes vomitou no inferno (porque no céu eu tenho certeza que ele não está)". Como existe porcaria nesse meio. Todos sabem que sou bem eclético e que respeito todos os tipos de música, mas como tem porcaria no mundo.

Por outro lado, lembrei do Erasmo "Tremendão" Carlos. É um cara que eu gosto muito e repeito, acima de tudo. Acho um grande injustiçado no meio musical, já que muitas das suas composições são lembradas apenas pela parceria com o Rei Roberto Carlos. Mas esmiuçando a obra do Erasmo, nos deparamos com uma infinidade de letras bem construídas e belíssimas.

Podemos passar pela singeleza da Gatinha Manhosa ("Um dia gatinha manhosa eu prendo você, no meu coração"), pela beleza de Palavras ("Eu fiz daquele amor o meu sonho maior, minha razão de tudo. Foi pouco o que restou de tanto que existiu, recordações e nada mais") e pela perspicácia de Mulher ("Mulher, mulher..n na escola em que você foi ensinada, jamais tirei um 10. Sou forte, mas não chego aos seus pés").

Enfim... acho que ainda tem gente boa viva por aí, mas a cada dia que passam nascem menos poetas no mundo. Lamentavelmente...

Deixo proceis uma das minhas preferidas. Já tocou em um monte de lugares, inclusive no filme "12 homens e outro segredo", mas cantado em italiano. Aproveitem...

Sentado à beira de um caminho (Erasmo e Roberto Carlos)

Eu não posso mais ficar aqui a esperar
Que um dia de repente você volte para mim
Vejo caminhões e carros apressados a passar por mim
Estou sentado à beira de um caminho que não tem mais fim
Meu olhar se perde na poeira desta estrada triste
Onde a tristeza e a saudade de você ainda existe
Esse sol que queima no meu rosto um resto de esperança
De ao menos ver de perto seu olhar que eu trago na lembrança

Preciso acabar logo com isso
Preciso lembrar que eu existo
Que eu existo, que eu existo...

Vem a chuva molha o meu rosto e então eu choro tanto
Minhas lágrimas e os pingos dessa chuva se confundem com meu pranto
Olho pra mim mesmo, me procuro e não encontro nada
Sou um pobre resto de esperança na beira de uma estrada

Carros, caminhões, poeira, estrada, tudo tudo se confunde em minha mente
Minha sombra me acompanha e vê que eu estou morrendo lentamente
Só você não vê que eu não posso mais ficar aqui sozinho
Esperando a vida inteira por você sentado à beira de um caminho

Um comentário:

Anônimo disse...

Perdão Dudu. Discordo de você. Pelo menos para mim, poesia é uma voz que vem do coração. Um retrato da alma e dos sentimentos. Nosso mundo vive pro dinheiro e as pessoas estão, na maioria, pensando muito mais em como ferrar outro para crescer, em como conseguir tal carro, tal casa, tal status... Nesse ponto, as pessoas perderam o respeito, perderam o amor próprio, perderam a vontade de serem seres humanos. Somos excessões, somos "diferentes", somos animais em extinção, enfim, tudo está acabando, assim como manda a Bíblia...

Nunca fui poeta mas sempre gostei...

É uma pena....