11 abril 2008

felicidade...

Como medir a felicidade do caboclo? As vezes achamos que alguém é mais feliz que a gente pelo simples fato "dele" ter o que não temos, fazer o que não fazemos ou estar sempre onde não podemos estar - seja por falta de dinheiro, tempo, conhecimento e oportunidade.

Tu vê um cabra andando de jetsky na praia e acha que ele tá bem pra caralho, queimando dinheiro e curtindo a vida. Dai você se pára, pensa e reclama para si mesmo que ralar que nem um camêlo e ter que dar todo o dinheiro suado para o banco (só para cobrir os juros do cheque especial) é coisa de loser. Curiosamente, depois de chutar uma carcaça de coco verde para longe ao desabafar, olha para o lado e vê um casal de velhinhos chupando um picolé apoiados sob suas bicicletas, à toa e dando gargalhadas, tirando um sarro da vida e rindo do idiota de jetsky que acabou de tomar um "caldo".

Nessa semana fui ao Woods bar. O boteco é no meu bairro há anos e nunca tinha ido. Ganhei um par de ingressos e fui com minha amada curtir um show sertanejo. Chegando lá - dois observadores que somos - eu e a muié ficamos acompanhando o movimento do povão. Numa mesinha logo à nossa frente, uma turma de amigos festejava com uma garrafa de Red Label vazia e uma de Black por acabar. Minutos depois o garçon traz um Green Label.

Confesso que fiquei com inveja. Não pela cachaça, afinal não bebo. Mas fiz os cálculos e conclui que para um caboclo comprar garrafas de whiskys 8, 12 e 15 anos, é um privilégio de poucos. O cara temque ter bala na agulha. Pensei que seria bom torrar aproximadamente uns 600 reais só em whisky com os amigos, sem se preocupar com o carnê das Casas Bahia.

Mas logo depois de sentir esse tipo de inveja (vale lembrar que não faltavam belas mulheres ao redor da mesa) - larguei mão de pensar assim. Olhei logo a minha frente, mais precisamente entre meus braços, e vi mulher da minha vida me olhar sorrindo. Antes de me dar um beijo carinhoso, disse que amava e que não sabia mais viver sem mim.

No palco a moda sertaneja rolava solta e deixava o clima mais agradável. O calor da minha gata, seu cheiro indescritível (que fazia o ar fétido de cigarro do local desaparecer), sem hálito, sua sensualidade e sua singeleza.

Dá para parar e pensar: Como fui burro ao pensar, por um instante sequer ao pensar assim.

Sou burro por não ter o discernimento de perceber que a felicidade não pode ser medida por cifrões. Sendo assim, resolvi dar o troco. Não fiquei um segundo sequer sem cobrir minha Daniele de beijos e carinhos. O caboclo do whisky, tenho certeza - se nos percebeu, se resolveu fazer parte das minhas viagens literárias - olhou e pensou: "Meu dinheiro não consegue um beijo daqueles". Se ele não pensou assim, pensei por nós dois.

2 comentários:

Anônimo disse...

Véio nobre, grande dudu!

Alguns dos momentos mais legais de minha vida custaram nada, ou quase nada. E mais: desde que conheci a márcia, esse momentos sempre envolveram ela.

Por exemplo: no ultimo aniversário dela, combinei com alguns parentes e fui a casa dela. Pegamos ela de pijama, as crianças quase dormindo.

Mas foi muito lindo o olhar de susto dela e a carinha de feliz depois...

Abraço nobre. Tu és nobre, mas nunca o foste pelo dinheiro e sim, por esse coração onde cabem muitas emoções...


lg

Anônimo disse...

É, dinheiro é bom e dá um monte de coisas, mas umas poucas outras é preciso mais do que bufunfa.

Bom ver que há pessoas que pensam assim. E parabéns pelo texto!