29 agosto 2006

acreditar em quem? balanço do debate

Assistindo integralmente ao primeiro debate entre os postulantes ao cargo de governador do Paraná, promovido na noite desta segunda-feira pela Rede Bandeirantes, cheguei a uma conclusão: Como é que podemos confiar nossos votos em candidatos que não respeitam nem regras simples para se conduzir um programa de TV?

Sinceramente é impressionante a falta de respeito que a maioria – que na verdade eu creio que sejam todos – dos candidatos seja tão mal educado a esse ponto. Independente do fato de o tempo fornecido para perguntas, respostas, réplicas, tréplicas e direitos de resposta ser curto.

O fato dele descumprirem essas regrinhas ridículas de simples, e que todos os assessores concordaram em reunião prévia, me deixa preocupado e temeroso em relação a quais mãos tomaram conta do meu querido estado nos próximos quatro anos.

Durante o debate foram pedidos nove direitos de respostas por supostas agressões pessoais. A organização do debate só concedeu dois destes direitos ao candidato do PDT Osmar Dias, quando o atual governador Roberto Requião citou a fazenda que Dias possui no estado de Tocantins levantando suspeitas sobre os valores declarados ao Tribunal Regional Estadual. Mas falo mais disso logo abaixo.

As pérolas e curiosidades.

É claro que não poderiam faltar as pérolas soltadas pelos candidatos, os momentos curiosos e peculiaridades de cada um. Algumas frases e e informações me chamaram a atenção.

- Primeiro Osmar Dias chamou o candidato do PSL, Antônio Forte, de ventríloquo. Forte fez acusações contra o vice de Osmar, Derli Donin (ex-prefeito de Toledo), alegando que ele tem vários processos contra si. Osmar ficou nervoso e deixou a impressão de não saber de tais processos, mas replicou atacando forte dizendo que Forte é despreparado, nervoso e um ventríloquo de outras pessoas (não as citou).

- Luís Adão, do PSDC, disparou a seguinte frase quando falava da educação para a família de presidiários: “É natural que filhos de presos sejam um dia criminosos”.

- Destaque para as perguntas ácidas de Mello Vianna, do PV. Na primeira disse a Rubens Bueno, do PPS: “Quantos litros de água sanitária você gasta para manter o Voto Limpo?”, em alusão a coligação PPS e PFL que colocou Bueno e Taniguchi (muito criticado por Bueno nas eleições passadas para a Prefeitura de Curitiba) no mesmo barco. Mais tarde Mello perguntou se Flávio Arns, do PT, se ele não tinha vontade de vomitar vendo as denúncias de corrupção no governo Lula. Mais tarde ainda perguntou se o fato dele, Dias, não citar em nenhum momento o nome do seu partido (PDT) era discordar das decisões dele?

Aliás, Mello deitou e rolou. Afirmou que a campanha de Arns ao senado em 2004 foi financiada pela Máfia do Lixo, escândalo de corrupção em São Paulo. Disse também que a campanha de Dias foi financiada por grandes empresas. Perguntou a Dias se ele não tinha vergonha de ver o seu partido coligado com os partidos de Maluf, José Janene e Roberto Jefferson, nomes envolvidos em escândalos. Dias respondeu e disse que será ELE quem vai governar e lamenta por ter nomes envolvidos em escândalos na sua coligação.

- Antônio Forte (que é caminhoneiro) disse que todos que estão envolvidos no caso do Pedágio deviam ir para a cadeia e que só virou candidato porque não conseguiu comprar um caminhão, graças a alta nos preços. Também foi um dos mais nervosos e despreparados. Na primeira pergunta ele levou 20 segundos para ajeitar os óculos e começar a falar. Em seguida demorou quase 1 minuto para perguntar, quebrando as regras do debate (que previam 30 segundos para a pergunta).

Mas a melhor do candidato veio nas considerações finais. Forte disse, ao citar as mães que tem filhos presos e que são reféns do PCC a seguinte frase: "Vou soltar os presos para socializá-los no mercado de trabalho”.

- Requião soltou uma pérola interessante. Ao ser questionado por Osmar Dias sobre suas promessas não cumpridas, ele respondeu: “Eu cumpri compromissos. Promessas quem faz é o santo da sua devoção”.

- Arns e Requião foram políticos e na hora das perguntas só bateram papo, falando de suas propostas. O mesmo entre Requião e Mello Viana.

- Já o clima pesou entre Requião, Osmar e Bueno. Os dois últimos atacaram o atual governador a todo tempo, mas Requião sempre manteve a calma e usou todo o tempo possível para falar das suas “realizações”.

- Uma certa hora Requião chamou Flávio Arns de Oswaldo Arns. Oswaldo foi professor e reitor da PUC por 12 anos.

- Requião chamou dois dos candidatos (que acredito serem Bueno e Dias) de dupla dinâmica, Batman e Robin.

- Requião falou e interrompeu outros candidatos como quis. Faltou ao mediador, o respeitado jornalista José Wille, peitar o governador brecar suas atitudes que foram deselagantes.

- Osmar x Requião. O atual governador afirmou que Dias está no mesmo grupo "lernista" que vendeu o Banestado, tentou vender a Copel e implantou o pedágio. Dias respondeu dizendo que Requião está no grupo de Greca, Stephanes e Algaci Túlio (que eram todos do mesmo grupo). Em seguida Requião atacou dizendo que Osmar estava com a cabeça em outro estado, precisamente em Tocantins, onde tem uma fazenda que, segundo ele, vale R$ 20 milhões, e que Dias teria declarado apenas R$ 2,5 mi. Ao fundo das palavras de Requião, ouvia-se Dias falando: “Pare de mentir... pare de mentir”. Mais tarde Dias ganhou o direito de resposta e explicou que a área foi adquirida em leilão, sem margens para suspeitas. Depois, em um segundo direito de resposta, disse que Requião comprou uma chacará em Almirante Tamandaré com dinheiro do Iap e disse: "você (Requião) terá tempo para falar sobre isso, já que vou lhe processar por calúnia".

- O candidato Luís Adão soltou um “cidadães” no meio dos seus discursos.

- Antônio Forte é visivelmente um homem simples e acho que deve ter boa intenção, mas é visivelmente despreparado. Não apresentou propostas e teve dificuldades até para articular frases inteiras.

- Luis Felipe Bergmann (PSOL) também apresentou muita dificuldade na dicção e suas idéias eram de difícil compreensão.

Considerações dos candidatos

Arns – “Agradeço e quero dizer que faremos um Paraná transparente, a exemplo das minhas contas de campanha.

Forte – “Agradeço o espaço e somos prejudicados pelo tempo de TV, já que temos só 30 segundos”.

Luis Felipe Bergamann – “Agradeço ao apoio que o Paraná vem dando à Heloisa Helena”.

Osmar Dias – “Quero ganhar a eleição falando a verdade. Se o Paraná estivesse igual a propaganda, não me candidataria”.

Requião – “Seguia ‘Carta de Puebla’, compromisso com os pobres”.

Luís Adão – “Agradeço por estar entre os cinco melhores da pesquisa RPC/Ibope ao governo”.

Mello Viana – “Precisamos gerar riqueza. Meio ambiente, cidadania, paz, saber geração de riqueza e bem estar social”.

Bueno – “A campanha começa hoje”.


Bom... agora é esperar para ver o que virá nas próximas semanas.
Segue o baile... e boa sorte a todos os eleitores.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu na verdade quero estar esperto e assistir o debate principal. Lá sim, a coisa deve pegar fogo...

No mais, isso não difere em nada companhas anteriores. Voto limpo, escolas, milhões de empregos e coisas do genero. Sempre é assim...

O que fazer para mudar???

Anônimo disse...

Trocando de assunto, parabéns, amigo Dudu, por seu texto, por seu resumo. Nesse tempo em que li o texto, um vídeo se formou em minha cabeça.

Quisera isso fosse somente imaginação, apenas um sonho.

Mas nessa hora, acordar dói bem mais...